O Tribunal do Júri será na Comarca de Xique-Xique/BA e terá duração de três dias.
Passados três anos e onze meses desde o brutal assassinato do pediatra baiano Júlio César de Queiroz Teixeira, no município de Barra/BA, os criminosos indiciados por tramar e executar o crime serão finalmente interrogados e julgados. O Tribunal do Júri está confirmado para os dias 26, 27 e 28 de agosto na Comarca de Xique-Xique/BA. Todos os cinco réus, até o momento, seguem presos e vão responder por homicídio qualificado, por motivo fútil e sem qualquer possibilidade de defesa da vítima: Diego Santos Silva (conhecido na criminalidade como Diego Cigano, acusado de planejar o homicídio); Jefferson Ferreira Gomes da Silva (executor dos disparos); Ranieri Magalhães Bonfim Borges (piloto da moto que ajudou na fuga), Adeilton de Souza Borges e Fernanda Lima da Silva (olheiros para confirmar a presença da vítima na clínica).
“Infelizmente, Júlio César não vai voltar, mas esperamos que a sua dolorosa partida tenha interrompido de uma vez a carreira desses matadores profissionais que se dedicavam a ceifar, com covardia, a vida de pessoas por dinheiro, sem nenhum respeito às leis dos homens e de Deus. Que a Justiça dê uma resposta firme a esse grupo criminoso, condenando-o a muitos anos de cadeia”, resume a família do médico, por meio de nota, enquanto aguarda a elucidação completa do crime e a punição rigorosa de todos os envolvidos.
Embora o crime tenha ocorrido no município de Barra/BA, a realização do Tribunal do Júri na Comarca de Xique-Xique/BA foi uma conquista importante para a integridade do julgamento, de acordo com advogado Rômulo Barreto, assistente de acusação do Ministério Público. “Os pedidos de transferência de comarca são solicitados ao Tribunal de Justiça sempre que há um receio de que o corpo de jurados possa sofrer alguma influência por parte dos criminosos. O principal acusado neste caso, Diego Cigano, é uma pessoa reconhecida na cidade de Barra/BA como muito violenta, o que poderia influenciar os jurados”, ressaltou.
Para a família do médico Júlio César de Queiroz Teixeira, a forma premeditada e a brutalidade da execução ainda deixam muitas dúvidas a respeito dos reais interesses que motivaram o planejamento e a execução do crime: “Vamos seguir, incansáveis, em busca da verdade e de justiça para que a memória do cidadão e do profissional Júlio César seja sempre respeitada”.
Relembre o caso: O homicídio que abreviou abruptamente a vida do médico baiano Júlio César de Queiroz Teixeira, aos 44 anos, chocou toda a população pela covardia e crueldade. No dia 23 de setembro de 2021, por volta de 8h30, o pediatra foi alvejado por tiros à queima roupa – sem qualquer possibilidade de defesa – enquanto atendia uma criança em uma clínica médica no município de Barra, Bahia.
O crime foi testemunhado pela mãe do paciente, a esposa de Júlio César (que é enfermeira) e uma assistente que estava no consultório. Mesmo socorrido, o médico Júlio César não resistiu à gravidade dos ferimentos e faleceu, deixando dois filhos, na época com 5 e 8 anos de idade. Além disso, a morte prematura do médico Júlio César impactou drasticamente a rede de saúde da região já tão carente de profissionais. Em algumas localidades, ele era o único pediatra a acompanhar a saúde das crianças.
De origem humilde, filho de pai agricultor e mãe professora primária, Júlio César nasceu em Xique-Xique, no semiárido baiano. E, como tantos filhos de cidades pequenas do Nordeste brasileiro, precisou deixar a família para buscar sonhos profissionais. Na contramão das muitas histórias de jovens que saem do interior em busca de melhores condições de estudo nas capitais e por lá fincam raízes, Júlio César decidiu voltar e dedicar os talentos que lapidou em si à comunidade de origem sertaneja que foi seu berço. Assim, ao longo de 20 anos, exerceu a medicina com ética, competência técnica e humanidade até que foi covardemente retirado da vida, para tristeza e indignação de seus familiares, amigos e pacientes.
Por Raul Aguilar,
FONTE: OFF NEWS.
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